O Projeto

O CriaCidade – Ocupação Cartográfica trata-se de um processo experimental de cartografia cultural da cidade de Campo Largo, destacando o trabalho de mapeamento digital como um processo humano e criativo.

Temos a premissa de  articular a comunidade – agentes culturais, estudantes, etc – para sua realização, entendendo o mapeamento como um instrumento de empoderamento e engajamento, que permite a apropriação de um contexto cultural, reconhecimento e sistematização dos territórios, com seus agentes, grupos, espaços, objetos e narrativas, permitindo identificar potências e carências do município, sendo um meio para a avaliação e formulação de políticas públicas.

Instigando a reflexão sobre a cidade como um espaço vivo, em constante mutação e os atores, como agentes ativos na construção da mesma. Estamos lidando com o conceito:

“de que a cartografia – diferentemente do mapa: representação de um todo estático – é um desenho que acompanha e se faz ao mesmo tempo que os movimentos de transformação da paisagem.

Paisagens psicossociais também são cartografáveis. A cartografia, nesse caso, acompanha e se faz ao mesmo tempo que o desmanchamento de certos mundos – sua perda de sentido – e a formação de outros: mundos que se criam para expressar afetos contemporâneos, em relação aos quais os universos vigentes tornaram-se obsoletos.” [1]

A partir deste conceito, é possível clarear que a ocupação baseia-se principalmente no tratamento criativo destes dados, que para além de alimentar um  mapa oficial resultado/produto, o projeto pretende inspirar a construção de outros desenhos possíveis, que permitam cartografar o sonho e a utopia desta comunidade. Evocando a noção de pertencimento e ação na cidade, pela via do desenho, invenção e criação.

Neste sentido, o processo será  baseado em função de 3 premissas básicas:

  • Autonomia

    • Dos agentes e grupos: Incentivar a auto-declaração, com as informações inseridas na rede pelos próprios agentes;

    • Das organizações: Basear-se em um conjunto de Softwares Livres, garantindo independência das organizações.

  • Transversalidade

    • Das informações: Integrar e agregar, sem centralizar. Garantir que a rede se alimente de informações e bancos de dados de outros sistemas;

    • Das políticas: Promover o diálogo entre as realidades social, política ou econômica, estimulando uma percepção plena da cidadania.

    • Das linguagens: Estabelecer a inter-relação entre múltiplas linguagens relacionadas – desenho, texto, imagem e etc.

  • Transparência

    • Dados Abertos: Disponibilizar livremente todas as informações e indicadores de interesse público.

Por fim, é importante manifestar o potencial de replicabilidade, ou seja, a partir das tecnologias desenvolvidas, temos condições de entregar as mesmas tecnologias para todos os CEUS do Brasil além da infraestrutura com o objetivo de realizarem seus respectivos mapeamentos culturais, com possibilidade de sererem aproveitados para o Sistema Nacional de Informações e indicadores Culturais.

Afinal, num  contexto de comunidades em rede e sistemas de informações, cada território que se reconhece e sistematiza, também pode compartilhar suas informações de forma automática e contínua, livremente com os outros territórios, criando então uma Malha Cartográfica Pública e Livre.

[1] ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina; Editora da UFRGS, 2006. p.23